Nosso destino é a liberdade
Nosso destino é a liberdade
O nosso destino nos aprisiona ou nos liberta?
Um dos significados da palavra liberdade é a condição daquele que não se acha submetido a qualquer força constrangedora física ou moral. Liberdade de expressão, liberdade de escolha, liberdade de opinião são ideais que dão sentido à nossa existência. A liberdade está na possibilidade de fazermos escolhas sem nos submetermos. O conceito de liberdade propõe que não temos escolha quando encontramo-nos submetidos, quando não somos responsáveis por nós mesmos. Em alguns momentos, geralmente naqueles em que enfrentamos limitações, temos a impressão de que não há saída, nem liberdade. É importante, então, refletirmos sobre a que estamos submetidos para questionarmos nossas impressões, pois elas nem sempre podem ser a nossa bússola para nossa saída de uma paralisia de atitudes. Não é raro, estarmos submetidos a escolhas que não podemos fazer. Nem sempre os caminhos que não podemos trilhar precisam anular ou submeter as possibilidades de escolhas que nos restam a serem prêmios de consolação.
Há uma frase inquietante de Shakespeare:
“Não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito”. Inquietante, pois movimenta a diferença entre os sentimentos e as ações, assim como a diferença entre o que está e o que não está determinado.
Escolher é fazer uma opção entre dois ou entre vários caminhos. Mas, só podemos escolher dentro dos caminhos possíveis. Dizer que possuímos opção não significa realizarmos todas as nossas vontades. Se tivermos vontades contraditórias, por exemplo, precisamos optar dentre elas. Se, por outro lado, tivermos desejos impossíveis de serem realizados, não precisamos estar prisioneiros do que é o nosso limite e aprisionarmo-nos a não desejar mais nada.
O destino corresponde a tudo o que é determinado pela providência ou pelas leis naturais, sorte, fado, fortuna. Também significa o que há de vir, de acontecer; futuro. O destino é algo que está além de nós mesmos. Além, no sentido de adiante no tempo e no espaço, como o destino de um voo, assim, como além de nossas escolhas, maior do que nossas forças. É partindo do que não podemos escolher, que escolhemos. Nosso movimento nasce a partir do que não podemos modificar. Dizermos ‘a partir de’ não significa ‘determinado por’, ou seja, um ponto de partida não precisa determinar o resto da trajetória, desde que seja realmente um ponto de partida e não o reinício do mesmo trajeto. Para tanto, o que não podemos modificar precisa ficar como um ponto fixo que precisa ser considerado como um limite e não como a determinação do futuro.
Uma concepção determinista de que tudo se repete busca a tranquilidade de encontrarmos lógica no acaso, naquilo que nos escapa à compreensão. Não encontramos explicação nem lógica para tudo. Isso nos liberta, não de nossa responsabilidade, mas de nos culparmos por não corrigir o passado. O passado está, assim como o destino, além de nossas forças. Ele simplesmente está lá. Diferenciarmos um limite de uma determinação abre espaço para a liberdade. Um limite pode nos submeter a uma limitação se não posicionarmos a nossa perspectiva em relação a ele temporalmente e não nos direcionarmos com dúvidas em relação ao futuro.
Abrirmos espaço para o acaso, para o que não está determinado pelo nosso saber, abre espaço para a confiança em um novo trajeto. Abre espaço para que o nosso destino não esteja determinado pelo nosso passado, nem por uma incerteza passiva de um porvir, mas pela confiança de que, no presente, somos responsáveis de nossas escolhas, com liberdade de sermos donos de nós mesmos.
Dra. Simone Engbrecht
Psicóloga e Psicanalista – CRP 07/05555
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Matéria publicada em Julho/2012
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