Transtorno do espectro autista
Transtorno do espectro autista
Um dos mais intrigantes da infância
Desde os primeiros relatos feitos por Kanner em 1944 até os dias atuais, o transtorno do espectro autista, um dos mais intrigantes da infância, vem sendo tema de muitos estudos em diferentes partes do mundo. Sendo caracterizado, principalmente, por um acentuado prejuízo qualitativo na interação social e comunicação, bem como pela presença de padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, suas manifestações se dão de forma bastante peculiar em cada caso.
Apesar de muito se saber quanto às manifestações que tal condição produz, sua etiologia continua sendo objeto de muitas hipóteses, porém nenhuma, até o momento, teve a capacidade de elucidar de uma maneira conclusiva quais as causas do transtorno. Assim, a melhor definição possível talvez seja a de que o autismo não é uma doença única, mas sim um transtorno do desenvolvimento bastante complexo com etiologias múltiplas e graus variados de severidade.
Para que um diagnóstico possa ser considerado, algumas características sintomatológicas devem ser observadas antes dos 3 anos de idade. Dentre estas, as mais comumente relatadas são aquelas referentes a comportamentos de interação social descritos mesmo em crianças com poucos meses de vida nos quais o transtorno não se faz presente, tais como o contato visual, sorriso social, as tentativas de chamar a atenção para si, bem como os jogos de imitação.
À medida que a criança vai crescendo é possível observar que seu comportamento é pouco habitual, muitas vezes com rotinas específicas que quando alteradas geram muita ansiedade, sendo comuns as crises de raiva e até mesmo, nos graus mais acentuados, as auto-agressões. A linguagem, geralmente está alterada, sendo que há uma considerável dificuldade de expressar, mesmo de maneira não verbal, aquilo que deseja ou sente.
A dificuldade em perceber afetivamente as outras pessoas também é uma barreira no contato do autista com o ambiente. Como não consegue avaliar a intenção das pessoas em relação a si próprio, uma simples aproximação pode ser interpretada como algo ameaçador. Por isso é preciso permitir que o autista, seguindo o seu próprio tempo, ganhe a confiança daqueles que com ele tentam relacionar-se sem que tenha a impressão de que estejam forçando o contato afetivo, o que por si só, resultaria no aumento de sua ansiedade.
A característica mais popularmente conhecida e marcante do espectro autista são as estereotipias. Tal sintoma torna o comportamento da criança bastante angustiante para os familiares, na medida em que os balanceios do corpo, tapas na boca ou orelhas, bem como os movimentos similares ao lavar de mãos ou girar o corpo no mesmo lugar parecem não cessar. Ainda por cima, quando se faz uma tentativa de interrupção, geram ansiedade intensa e de difícil controle.
A maioria dos pacientes com o transtorno apresenta um considerável atraso na maturidade intelectual sendo, de maneira geral, o desempenho nas atividades pedagógicas, mesmo nos casos mais leves, limitado. Tal característica surpreende se levarmos em consideração a imagem criada quanto ao transtorno em várias produções cinematográficas, onde o autista geralmente possui habilidades cognitivas semelhantes aos superdotados, o que não corresponde à realidade da maior parte dos casos.
Como o transtorno do espectro autista é uma condição crônica, o tratamento deve ser planejado por uma equipe multidisciplinar, tendo em vista a vasta gama de sintomas que a condição produz. Também intervenções juntamente aos pais são de grande valia para que consigam ter um papel terapêutico no tratamento dos filhos, e para que possam aprender a lidar com situações onde a ansiedade deles esteja elevada, bem como com os comportamentos inadequados que por ventura apresentem.
Dr. Antônio Leonardo Sarmento
Psicólogo | CRP 07/11606
Endereço: Rua Rio Grande, 1032 – Sala: 202
Centro – Esteio – RS – Fone: (51) 9971.7585
……………………………………………………………………………..
Matéria publicada na Revista Classic Life Edição nº 13